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Reportagem

Eles andam aí e um dia ganham um Mundial

17.06.2010 - 14:59 Por Hugo Daniel Sousa, Pretória

Os Estados Unidos já são o segundo país com mais praticantes de futebol. Americanos mais interessados do que nunca na competição.
<p>Há 4,3 milhões de praticantes no país</p>

Há 4,3 milhões de praticantes no país

 (Foto: Brian Snyder/Reuters)

Pelé disse um dia que até ao final do século XX uma equipa africana iria ser campeã do mundo de futebol. A previsão falhou. Agora são cada vez mais o que apontam noutras direcções, a começar pelos Estados Unidos. Grande potência mundial em vários desportos, do atletismo ao basquetebol, os EUA já são o segundo país com mais praticantes de futebol (só a Alemanha tem mais) e, mesmo sem estrelas planetárias, entraram no Mundial a bater o pé à Inglaterra.

"Estamos a melhorar, mas como nação futebolística ainda estamos a crescer. Ainda vai levar tempo [até podermos lutar pelo título]", disse ontem ao PÚBLICO Oguchi Onyewu, defesa-central do Milan, durante uma mesa redonda, numa quinta em Irene, nos arredores de Pretória, onde a equipa americana recebe os jornalistas e se passeiam tranquilamente galinhas e vacas.

É nesta zona rural que os americanos preparam o jogo de amanhã com a Eslovénia, depois de terem empatado com a Inglaterra. Um resultado que voltou a colocar os holofotes sobre a selecção americana e que rendeu a maior audiência de um jogo da fase de grupo de um Mundial nos EUA (14,5 milhões de telespectadores).

"O futebol está a tornar-se mais popular. Actualmente, quase todos os miúdos, de sete ou dez anos, jogam futebol", afirma Clarence Goodson, outro dos futebolistas americanos presentes no Mundial - é a nona vez que a selecção yankee participa, tendo como melhor resultado a chegada aos quartos-de-final em 2002.

Os Estados Unidos já têm 4,3 milhões de praticantes de futebol, o que corresponde a cerca de 40 por cento da população portuguesa, sendo apenas superados pela Alemanha (6,3 milhões), segundo dados da FIFA. Uma parte esmagadora destes praticantes (quatro milhões) é formada por jovens, o que abre boas perspectivas para o futuro.

David Wangerin, autor do livro "Soccer in a Football World: The Story of America"s Forgotten Game", disse recentemente à CNN que o futebol nunca terá nos EUA a importância do basebol ou do futebol americano, mas terá o seu espaço. "O futebol será uma "boutique coffee shop" e não um hipermercado", disse.

Certo é que o futebol nos EUA teve uma progressão enorme nos últimos 20 anos. Com a organização do Mundial de 1994 e a criação de uma Liga de futebol (Major League Soccer), a modalidade iniciou um período de expansão, com taxas de crescimento de 90 por cento entre os jovens e a conquista de vários títulos no futebol feminino.

A razão para as mulheres americanas estarem à frente dos homens no mundo do futebol estará no facto de terem começado ao mesmo tempo, ou antes, do que os rivais, diz Neil Buethe, director de comunicação da Federação Americana de Futebol: "Nos homens, estamos a meio de um processo de 50 anos. Já fizemos os primeiros 25 e agora precisamos de outro tanto para estar ao nível de equipas como Brasil, França, Alemanha ou Espanha."

A revista Time escreveu recentemente que os adeptos americanos "já passaram da fase de principiantes para a de letrados no futebol e estão a caminho de serem apaixonados". Herculez Gomez sabe o que isso é. Este avançado de origem mexicana diz que nunca viu uma cidade americana parar quando há jogos, como acontece em Puebla, a terra da sua família. "E quando poderá isso acontecer?", perguntou-lhe o PÚBLICO. "Está mais perto. Estamos a falar de um país, em que o futebol já o quarto ou quinto desporto. E quando lá chegarmos será assustador."


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