A punição está prevista na legislação que regula o armazenamento de explosivos em vigor desde Maio de 2002. A ausência de segurança no perímetro das instalações de uma das filiais da Moura Silvam, com sede no concelho de Póvoa de Lanhoso, terá facilitado o roubo da meia tonelada de explosivos, através do arrombamento da entrada do paiol onde estavam guardados aqueles e outros explosivos.
Segundo a agência Lusa, o armazém de onde os explosivos foram roubados ficava muitas noites sem vigilância, que estaria entregue a um casal contratado pela empresa da Póvoa de Lanhoso. “Durante a semana eles estão lá de dia. Passam lá às vezes à noite, mas outras vezes não. E ao fim de semana quase nunca lá vão, porque também têm a sua vida para tratar”, uma familiar do casal. “Por azar, na noite do roubo não estavam lá”.
Esta empresa da Póvoa de Lanhoso, recorde-se, foi alvo de uma investigação da Polícia Judiciária relacionada com alegadas irregularidades na compra e venda de explosivos, situação que terá ocorrido, apesar de, a empresa, dispor de um elemento da PSP ali destacado para vigiar a entrada e saída de material durante as 24 horas do dia.
Os dados recolhidos pelos investigadores da Unidade Nacional Contra o Terrorismo Polícia Judiciária (PJ) excluem a hipótese do roubo ter sido consumado por elementos da ETA, organização terrorista basca, que recorre àquele crime, tanto em França como em Espanha, para confeccionar os engenhos explosivos usados nos seus atentados. Apesar de ter sido excluído o envolvimento de terroristas bascos, o roubo daquela apreciável quantidade de gelamonite foi comunicado às autoridades espanholas envolvidas na luta contra a ETA.
Trata-se de um procedimento previsto no âmbito da cooperação policial luso-espanhola, que se tem vindo a incrementar nos últimos anos, como benefícios mútuos, tanto na luta contra o terrorismo como contra a criminalidade organizada da península ibérica. Ainda ontem, no Parlamento, Rui Pereira, ministro da Administração Interna, disse que está “em contacto permanente” com o seu homólogo espanhol, Perez Rubalcaba, o qual, anteontem, assegurou interesse em saber se o roubo dos explosivos “foi um roubo comum ou se tem alguma relação com a ETA”.