O Ministério Público pediu pena de prisão suspensa para Manuel Zeferino e Marcos Maynar, respectivamente director desportivo e médico da extinta equipa de ciclismo LA-MSS, no caso do alegado esquema de doping organizado.
No caso, que está a ser julgado no Tribunal da Póvoa de Varzim, os dois arguidos defendem-se, cada um, das acusações de oito crimes de “administração de doping” e oito crimes de “corrupção de substâncias medicinais e alimentares”, tendo na sessão da tarde desta quarta-feira ouvido as alegações finais do processo.
O procurador do Ministério Público considerou que, “pelas provas indiciais apresentadas ao longo do julgamento, conclui-se que só os arguidos poderiam ter distribuído aos ciclistas produtos dopantes e elaborado a sua administração”. Na opinião do procurador, foram apurados factos base que, entre outros, evidenciam que “os arguidos são responsáveis pela equipa onde foram apreendidos artigos dopantes em grandes quantidades”.
Por isso, o Ministério Público sublinhou que “os arguidos têm de ser condenados, porque se fez prova da sua culpa” e que a pena “deve ser utilizada exemplarmente para dar um sinal à sociedade de que os prevaricadores são castigados”. Ainda assim, o procurador considerou que a pena de prisão deverá ser suspensa.
Por seu lado, Marina Albino, advogada de defesa de Manuel Zeferino, frisou nas suas alegações finais que “a acusação não tem argumentos práticos para condenar os arguidos” e que o facto de pedir uma pena suspensa é uma tentativa de “compor um ramalhete de coisas que começaram mal”. A causídica colocou em causa muitas das provas apresentadas durante as sessões e afirmou que “esperaria que a acusação dissesse em concreto os crimes que Manuel Zeferino praticou e não apresentasse apenas provas indiciárias de tal”. Maria Albino disse esperar a “absolvição integral do seu cliente”, afirmando que “o que resulta deste processo é muita parra e pouca uva”.
Com mesma pretensão de absolvição do seu cliente, Caldeira Fernandes, advogado de Marcos Maynar, também contestou muitas das provas apresentadas pela acusação, considerando que “o processo de investigação teve pouco rigor e foi conduzido de forma tendenciosa”. Caldeira Fernandes não poupou críticas e falhas nos depoimentos de dois inspectores da Polícia Judiciária que conduziram a investigação e foi mais longe, dizendo que a actuação de Luís Horta, presidente da Autoridade Anti-Dopagem de Portugal (ADoP), como perito neste processo, “foi medíocre”.
A sentença do colectivo de juízes será proferida a 2 de Julho, às 16h.